Aos que estão em sofrimento
3 de setembro de 2024Aos que não conseguem orar
3 de setembro de 2024Ronaldo Lidório
É desejo de Deus que tenhamos alegria. Deus nos ordena em sua Palavra: “Alegrai-vos no Senhor!” (Fp 4:4). Aliás, a alegria no Senhor é alvo de diversos estímulos bíblicos. Somos convidados a nos alegrar porque “grandes coisas fez o Senhor por nós” (Sl 126:3), pelo “dia que o Senhor fez” (Sl 118:24), pois “a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8:10) e Ele é Deus “da minha salvação” (Hc 3:18). Aqueles que se alegram no Senhor são os “retos de coração” (Sl 32:11), lembram-se do “seu santo nome” (Sl 97:12), reconhecem a sua bondade (Jl 2:23) e sinceramente “buscam ao Senhor” (1 Cr 16:10).
A verdadeira alegria é um dos nossos grandes privilégios e um dos nossos grandes desafios. E o oposto da alegria em Cristo não é simplesmente a tristeza, mas o descontentamento.
Enganoso é o nosso coração. Conseguimos experimentar descontentamento mesmo vivendo debaixo da abundante graça de Deus. Em meio à fartura, nos descontentamos pelo que ainda não temos. Cobertos de afirmações e elogios, nos descontentamos com uma pequena crítica. Alvos da constante graça de Deus, nos descontentamos por uma oração ainda não respondida. Imersos em incontáveis bênçãos, nos descontentamos por aquela não recebida. É da nossa natureza caída abraçar o descontentamento mesmo em meio à insuperável graça e abundantes motivos de alegria.
Alegrar-se no Senhor é um ato de adoração. Não é resultado de um mero sentimento, mas do reconhecimento da sua bondade. Trata-se de enxergar que a presença do Eterno é suficiente e que nenhuma tragédia da vida superará a sua graça.
Alegrar-se no Senhor é um exercício de fé, pois é resultado da confiança em Deus, que pode todas as coisas. À medida que creio, me alegro, pois sou tomado por uma profunda convicção de que Ele tudo pode; que sua graça é infinita e real; que no meio da provação existe um propósito maior que é cuidadosamente desenhado por Ele.
A alegria no Senhor ataca a ansiedade, direcionando para Deus as expectativas do nosso coração e fazendo repousar a nossa alma. À medida que creio, vejo a alegria combater a ansiedade e dar lugar ao descanso. Ansiedade é preocupar-se com tragédias que possivelmente jamais acontecerão. Alegria é sentir-se abraçado por Deus, em lugar amoroso e seguro, mesmo se a tragédia vier.
A Palavra nos orienta a buscarmos a alegria e não andarmos ansiosos (Fp 4: 4,6). O roteiro é definido para orar e suplicar ao Senhor, com os corações gratos (v.6). Assim, o resultado será a profunda “paz que excede todo o entendimento”, a qual “guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (v.7).
O cuidado que precisamos nos atentar é com os nossos pensamentos. É preciso que nossos pensamentos sejam ocupados apenas pelo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro e amável. E por aquilo que tenha virtude e louvor (v.8). O que deixamos entrar e fazer morada em nossos pensamentos pode promover a ansiedade ou fazer brotar a paz.
Que Deus nos dê mais discernimento sobre aquilo que alimentamos em nossas mentes e corações – para a sua glória e a nossa alegria.
Devocional 4 – Aos que não conseguem louvar
Mais uma vez, identifico em Davi um outro aspecto: o louvor durante o tormento. O Salmo 34 é um convite à adoração e à maturidade espiritual. Nele o salmista manifesta o seu compromisso de louvar ao Senhor em “todo o tempo” (v.1).
Louvar a Deus ao ganhar o que se desejou, ao ter o pedido atendido ou ser surpreendido por uma ótima notícia não exige muito esforço do nosso coração. A proposta bíblica, porém, é bem mais radical: louvar a Deus em “todo o tempo”! Tanto no dia bom quanto no dia mau. Em plena saúde e nos dias de enfermidade. Recebendo aplausos ou críticas.
Louvar a Deus em “todo o tempo” implica reconhecer que todos os planos do Pai são planos de amor, além de enxergar que todas as coisas cooperam, de alguma forma que pouco compreendemos no momento, para o bem dos que sinceramente amam a Deus.
Louvar a Deus é reconhecer que sua bondade será sempre maior do que qualquer enfrentamento ou decepção da vida. É cantar a sua bondade nos dias de luz e alegria, e não deixar de fazê-lo nas noites de neblina e tristeza. Sua bondade é maior que a vida!
Assim canta Davi:
“Busquei o Senhor, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores. Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações. O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra. Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia. Temei o Senhor, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os leõezinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o Senhor bem nenhum lhes faltará” (Sl 34: 4-10).
Um dia, em plena e eterna luz, cantaremos a sua bondade, em “todo o tempo”. Não precisaremos de fatos da vida para fazê-lo, pois a sua presença nos bastará. Talvez a oração mais marcante na Palavra tenha sido proferida pelo salmista quando clamou: “Sonda-me ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139: 23-24).
Essa oração do salmista reconhece a nossa incapacidade de autoconhecimento, portanto, precisamos de Deus para nos sondar. Ademais, reconhece a incapacidade humana para fazer a escolha certa, então precisamos de Deus para nos guiar. Igualmente, expressa as áreas da vida onde a luta se trava: não nos palácios ou nas ruas, mas no coração e nos pensamentos, o que mostra a necessidade de Deus para nos provar. “Guia-me pelo caminho eterno” deve ser o nosso pedido a cada nova manhã.
Louvar a Deus é uma atitude do coração convicto de que “muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra” (Sl 34:19). Que nesses dias nos lembremos da constante bondade do Senhor. Ele nos deu força em dias de fraqueza. Sustentou-nos nas carências profundas da alma. Livrou-nos de perigosas armadilhas. Consolou-nos na hora da angústia. Proveu quando mais precisamos e alegrou-se conosco quando buscamos a retidão.
Reconheçamos a sua insuperável bondade e busquemos amá-lo mais a cada dia. E peçamos ao Eterno graça e força para, de coração, louvá-lo em todo o tempo.